quarta-feira, 21 de março de 2012

Peter Pan

A busca deveria ser pelo equilíbrio e não pela felicidade!

Quando somos jovens vivemos em função dos nossos frios na barriga. Desde que nascemos somos cercados por novas sensações, descobertas, brincadeiras, novos amigos. Aprendemos a andar, falar, escrever, temos a primeira apresentação na escola, a primeira namorada, a viagem de Porto Seguro, a carteira de habilitação, o trote da faculdade... Poderia listar enumeras experiências que passamos nos primeiros anos de vida, mas o ponto que quero chegar é mais simples que isso.

Vivemos os nossos 20 primeiros anos de vida sob a constante do novo instaurada nas nossas vidas. Começamos os relacionamentos e as paixões que nos tomam o corpo e nos conduzem no passar dos dias. Com o tempo, nos estabilizamos e quando não sentimos o mesmo frio na barriga ao qual fomos ‘educados’ a sentir, nos achamos impotentes e infelizes, buscamos aventuras fora do relacionamento, mudamos de emprego, pegamos uma balada louca, fazemos viagens, mudamos de casa. Tudo com o simples desejo de querer sempre mais, querer sentir de novo (e com frequência) o tal do frio na barriga.

Tem até gente que não se acostumou com a vida adulta e com o fato de não ter tantos frios na barriga como antes, que ainda não aprendeu que cada fase da vida tem o seu sabor. Vivem o mundo do Peter Pan, aos 30, 40 anos...O amadurecer, o relacionar-se, o cotidiano e mesmo o ‘permanente’ tem seus prazeres. A companhia do outro e essa estabilidade emocional e profissional nos fazem bem, nos fazem crescer, nos deixa forte para encarar as situações de forma mais madura e prazerosa. Mas isso às vezes fica oculto para alguns e as pessoas entram em discussões eternas sobre a felicidade e a busca do eu interior.

É claro que sou a favor de sentir o sangue correndo nas veias, de me sentir vital para conseguir o que quero. Muitas vezes o meu combustível é justamente esse frio na barriga, como sempre escrevo nos meus textos, sou apaixonada por isso, pelos detalhes, pelos mínimos detalhes que enchem o meu dia de esperança e de uma sensação gostosa de que estou no caminho certo.

Lembro-me perfeitamente da felicidade que senti dentro de mim no momento que realizei um grande desejo. Às vezes quando me sinto muito angustiada, até mesmo triste. Geralmente esse sentimento está atrelado a necessidade de realizar alguma grande ação. Preciso tornar concreto um desejo para me sentir viva.

Acredito que o certo mesmo seria tentar buscar o equilíbrio entre esses frios na barriga e a estabilidade, sabendo desfrutar o lado bom de cada um. Dessa forma, muitas das nossas atitudes/sentimentos na vida adulta poderiam ser justificadas.

Ou seja, ser um Peter Pan de terno e gravata, é possível?

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