quinta-feira, 17 de março de 2011

Narciso e o networking

Saí do lançamento de um livro e enquanto aguardava os abraços e autógrafos, aproveitei para observar os presentes a minha volta.

Os autores estavam radiantes e recebiam todos os convidados com cordialidade e a educação que lhes cabiam. Estavam impecáveis com um sorriso estampado, uma caneta a postos e entre a troca de uma ou outra amenidade, transcreviam em poucas palavras o carinho aos convidados na primeira página do livro.

Deles, não tenho o que comentar. O foco hoje, é falar dos convidados presentes. Sejamos francos, você vai a um coquetel, sabendo que encontrará conhecidos e nomes importantes do meio em questão, o networking está a solta e nada melhor do que uma pitada de educação e boa aparência (e aqui não me refiro a beleza), para fazer o diferencial e marcar presença frente aos conhecidos de longa data.

Não serei supérflua em dizer que beleza põe a mesa e nem que o mundo gira em torno disso, mas que dar as caras no fim de um dia de trabalho, estando descabelada, com uma roupa inadequada, pele brilhante com o suor do dia inteiro, o batom desbotado e um bafinho de guarda chuva, meu amigo, isso definitivamente não dá.
Quebra qualquer possibilidade de a troca de cartões ser produtiva, e o seu contato lembrar-se de você para um job ou projeto futuro.

Não vou esquecer que o objetivo era prestigiar os autores, marcar presença com um abraço sincero e ir para casa, com seu livrinho todo autografado. Mas infeliz ou felizmente, não consigo desvencilhar uma situação da outra.

Segundo Freud, todas as pessoas nascem com uma pitada de narcisismo (referência ao jovem rapaz da Mitologia Grega que se apaixonou por sua própria imagem). Seria bom se todos usassem um pouquinho da paixão dele e, olhassem no espelho antes de sair de casa.

Afinal, para uma comunicóloga, qualquer lugar é páreo para se fazer novos contatos.