sexta-feira, 1 de junho de 2012

O pombo correio.


Assim como outras aves, o pombo volta para seu ninho depois de percorrer um determinado trajeto, fenômeno chamado ‘homing’.
Sabendo disso, em meados do século XIX, as raças belgas e inglesas foram misturadas, a fim de extrair o mais selecionado pombo. E assim nasceu o pombo correio, que podia percorrer até 1.000km por dia.

Os pombos foram uma das primeiras aves a serem domesticadas. Desde 4.500 a.c. é possível encontrar registros na região da Mesopotâmia.
Nessa época, já existia no ser humano a sensação de incerteza se o pombo iria voltar ao seu ponto de origem ou não. Inicialmente as mensagens que eram enviadas tinham como conteúdo notícias militares, comerciais ou administrativas. Com o passar dos anos, mensagens de amor também passaram a ser enviadas por este meio.

‘’Foi um pombo, por exemplo, que transportou a notícia do desfecho da batalha de Waterloo, um combate decisivo que determinou o fim do império napoleônico, após vinte e três anos de guerra entre a França e outros países europeus.’’

Fazendo um paralelo com a tecnologia de comunicação que temos hoje, acho que a mesma incerteza ainda ocorre.
A mensagem chegou? Meu interlocutor entendeu o que eu queria passar? A conexão estava boa? O download foi completo? Infelizmente a arte da comunicação não é certa, não é sempre racional ou compreensível.
Essa mesma incerteza ocorria em deixar uma mensagem à uma ave que tinha seus próprios instintos e assim como o ser humano, poderia se dispersar, perder o interesse e não mais voltar.

Ao nos comunicarmos, nossas palavras voam e levam uma mensagem, voam e não sabemos se vão ou não atingir nossos objetivos. Não sabemos a repercussão exata que causará no nosso telespectador.  Não sabemos o conjunto de pré conceitos que nossas palavras irão se chocar, no momento que saírem da nossa boca.

Associo essa ato de levar mensagens do pombo correio com a expectativa, tenho uma relação de amor e ódio com esse sentimento.
Amo, pois ele me instiga a viver a vida, a sentir o prazer da espera, a observar o outro, a aprender com os detalhes. A curtir cada momento, a saborear os diferentes gostos e prazeres da conquista.
Odeio, pois ele é o responsável pela minha frustração. Por estar presente nas cenas quando é justamente o oposto dos meus desejos que se concretiza. Por me deixar com uma sensação de vazio, por me deixar no nada.

É essa, é a mesma expectativa que estava presente há séculos, nas mensagens do pombo correio.
E que sem elas, minha vida seria apenas uma viagem sem propósito.