quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Cidade de Bonito, toda beleza se reconhece nela!

Apertem os cintos, começa agora a descrição de Bonito - MS, com o olhar para o contraste entre o bonito, o feio e o medíocre.
Apresento a vocês a minha percepção sobre mais este pedacinho de terra que pude estar.


Partindo de São Paulo, aproximadamente 10 horas depois cheguei à pousada, logo me indicaram um chalé azul onde pude acomodar minhas coisas. Agradável o que estava diante de mim. Sol, uma piscina recém-cimentada e um loro a me saudar.

A primeira noite foi um choque, em todas as esquinas da rua principal os orelhões eram em formato de bichos, tudo ao redor enaltecia a natureza, mas quando procurei opções para comer em restaurantes apareceram os mais diferentes pratos com jacarés: por quilo, a lá carte, rodízio, na telha, no shoyo, molhado, ensopado e o que mais pudessem inventar.

Para ter história para contar me arrisquei e comi um pedacinho de jacaré. Não gostei, parecia frango xadrez, porém com um cheiro bem forte. Senti-me mal por comer um animal tão grande e imponente da floresta. Não pretendo repetir a experiência.

O primeiro passeio foi no Rio Sucuri, 1 hora de van vendo a mais verde vegetação, pasto para todo lado, e muitos, muitos hectares de terra.
Cheguei numa fazenda linda, aonde macaquinhos vinham me rodear. O passeio contemplava trilha na floresta, visita a nascente do rio e uma flutuação de cerca de 1 hora imersa a 35° nadando com peixes enormes, registrando o visual plástico que estava no fundo do rio, formado por conchas calcárias dos mais diferentes tamanhos e que se dissolviam apenas de encostar.

Fiquei feliz por ver aquela beleza reservada, tive a oportunidade de ver o rio em plena atividade de fotossíntese, foi incrível, mais legal foi saber que tudo está em perfeitas condições por conta das propriedades privadas rurais que fazem a manutenção da região. Mas triste de saber que os demais rios não recebem o mesmo tratamento por incompetência das autoridades da Nação.

Depois fiz um passeio de rafting pelo Rio da Prata, tive que segurar firme no remo e destinar um pouco da minha força para que o barquinho de fato saísse do lugar. Ardeu tudo nos meus braços. No ponto mais plano do rio o barco que eu estava encontrou com mais duas embarcações e juntos fizemos uma guerra de 20 minutos regada a muitos baldes de água fria. Que delicia!

Agora, 31° vejo na previsão que amanha chegaremos aos 34°, a vontade de querer viver mais invade meus pensamentos!

O terceiro passeio foi na Gruta do Lago Azul, uma cavidade com 40 metros de diâmetro, 77 de profundidade e 297 degraus de descida. Para poder presenciar uma formação rochosa milenar, ser recebido por centenas de mini borboletinhas laranjas e pretas, graciosas que vinham saudar minha presença. Morcegos, corujas e urubus se escondiam nas cavidades escuras dando um ar sinistro ao passeio. Pude acompanhar as gotas que caiam do teto e após 100 mil anos formarão uma torre estalactite. E se deparar a cada passo com uma água cada vez mais azul na medida em que incidiam os raios solares, rica em magnésio que parecia uma palheta de tons azulados dos quadros de Monet. Lindo demais!

Para encerrar, trilha de 3 horas em mata fechada, conhecendo os mais diferentes tipos de árvores (mangueira, babosa, jabuticabeira, pau rosa - responsável pela essência fascinante desenvolvida pelo perfumista Ernest Beaux a pedido da Coco Chanel) e cinco diferentes cachoeiras uma mais linda que a outra. Para ter acesso à última, mais uma vez entrei num barquinho e remei até a outra extremidade do Rio, cortando as águas ricas em bicarbonato de cálcio que a deixava limpa e estragava meus cabelos com tamanha purificação.

Aqui no meio de tanta água está o ponto alto da viagem. A cerca de quase três anos vivia desejando ir a uma cacheira para deixar cair aquela água gelada, forte e limpa da nascente do rio em meu corpo. Pude fazer isso, apesar de estar de colete salva vidas, me encaixei entre duas pedras e fiquei bem no centro da queda d’água. Por alguns minutos deixei a água lavar meu corpo com toda a sua imponência e gritei com toda a minha força: ‘Obrigada meu Deus por me proporcionar este momento’. Fiz uma oração e sai dali limpa das cobiças e invejas que rodeiam os paulistas. Senti-me purificada e uns 10 quilos mais leve sem essas energias negativas.

A volta à fazenda foi tranquila, comida caseira, bolos e cafezinho para fechar a experiência com chave de ouro. Relaxei em frente a um lago com cerca de 20 jacarés a me espiar, além de ter meu bolo coberto de doce de leite furtado duas vezes por um loro muito do atrevido.

Encerrei o passeio deixando meus agradecimentos em um livro de recados da Fazenda Mimosa.

De volta para a cidade, lugar exótico, sotaque caipira, tucanos, jacarés, onças em tamanho gigante para ser a atração na rua principal, para os turistas sedentos por fotos, fotos e mais fotos. Terminei comendo em restaurantes maravilhosos e experimentando os "sorvetes quentes" da região: amazing!!

Levei daqui a experiência mais maravilhosa da minha vida! Nadar com peixes, ser rodeadas por animais dóceis, ver três sucuris gigantes em procriação, me esbaldar nas comidas caseiras, e o mais importante me livrar do estresse de São Paulo.

Todos deveriam experimentar!