segunda-feira, 18 de julho de 2011

Minha medalha.


Nunca ganhei medalhas nas competições de educação física quando estava na escola, sempre ficava de reserva, era tachada como a magrela fraquinha que pegava a bola igual boca de pato e a deixava cair. A única vez que meu time ganhou, as medalhas acabaram na minha vez, fiquei sem. Sabendo disso, a dona da escolinha que eu dava aulas de dança aos 16 anos, resolveu me dar uma feita de papel. Valeu a intenção! Mas ainda não me sentia satisfeita.

Pergunta: mas o que então a garotinha Carol fazia de útil a não ser estudar e não ganhar medalhas? Por oito anos me dediquei ao teatro, foi lá que aprendi a controlar minha voz, ter mais noção do meu corpo, postura, figurino e os diferentes personagens que devia incorporar para os cenários que ali se colocavam na minha frente.

Diferente da habilidade nas quadras, preferi a expressão pela fala e o fascinante poder de argumentação iniciado pela teoria Aristotélica. Pensava em fazer algo que eu realmente gostasse. Via aquelas pessoas correndo nas ruas fazendo coisas estressantes, trabalhando com o que não queriam e pensava: ‘’quero fazer parte do reduzido grupo de pessoas que trabalha feliz, fazendo o que gosta’’.

Escolhi a comunicação para fazer meu bacharelado. Dizer que tenho uma vida de borboleta, rindo para todos os lados não seria verdade, já tive gastrite nervosa, já fui para o pronto socorro por palpitação, já tive enxaquecas terríveis de nervoso. Pelo menos faço o que gosto e meus anos de teatro me ajudaram nesse sentido. Vou contar o porquê.

Parei de ter vergonha na hora de pedir um conselho, a saber escutar a "deixa" no final da fala, para dar minha opinião. Aprendi a sorrir com os olhos, a captar os mais tímidos movimentos do corpo de quem estava ao meu lado, a não titubear nas horas difíceis, a sacar os olhares que vacilaram e encontraram os meus. A acompanhar as pupilas ficando dilatadas, as mãos suando e saber o momento exato de chegar ao clímax do último ato.

Acho que tudo isso pesou de forma positiva na minha carreira, posso ser detalhista demais, ter sempre histórias para contar, a fazer caras e bocas e quem sabe até um pouco de drama, mas valeu conhecer um pouquinho dos homens que foram ‘’os caras’’ alguns séculos atrás, desde que era criança. Essa que foi a minha real conquista.

Sobre as medalhas? Venci meu trauma colocando como meta completar uma corrida de rua e hoje as exibo com orgulho!

3 comentários:

  1. Simplesmente amei esse texto.
    Parabéns, está muito bem escrito.
    To até meio besta, que orgulho da minha menina!!!

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  2. Rs.... que isso maninha! Vc passou pela mesma experiência que eu e pode dizer que é tudo verdade.
    Esse texto saiu meio de sopetão, não sei se um desabafo contido ou se apenas um debruçar no teclado e as palavras foram saindo.
    Obrigada por emprestar seu lap =)
    Amo vc!

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  3. Comigo foi quase meio igual... jogava bola até 12 anos, aí troquei de colégio por um bem menor que não tinha quadra. Por dois anos perdi o contato e o interesse, quando entrei em um novo colégio onde era muito forte a turma do futebol e eu me vi completamente sem habilidade (a gente que cresceu muito rápido sabe como é) vi no teatro uma forma de encarar muitas coisas, situações, sentimentos, muitas vezes situações que nossa própria mente cria. Ainda tô um pouco preguiçoso e pesadinho pra correr, mas tive meu troféu como Melhor Ator Coadjuvante em um Festival Estudantil. E logo depois a história continua retribuindo pra centenas de pequenos tudo de bom que essa arte me fez!
    Texto terapêutico Cá! Muito bom!
    Beijos!
    Cidão.

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