sexta-feira, 29 de julho de 2011

Vou embora para Pasárgada?

E no meio das férias de julho, me pego fazendo uma prova de marketing destinada à graduação do 3º ano da turma que acompanho no curso de professor do futuro. E lá tinha a seguinte pergunta, qual é a principal influência dos desejos e do comportamento de uma pessoa? Dentre as opções, personalidade piscou diante dos meus olhos. Ao mesmo tempo que eu já formulava minha defesa para aquela questão, fui atrás da resposta e vi que eu estava errada. O fator que mais influencia uma decisão é a cultura.

Minha resposta baseou-se no fato de que por mais que uma pessoa tenha sido criada numa família de pais religiosos, ela pode ser um rebelde, um extremista, sair por aí massacrando gente inocente, colocando outros valores como certos para sua vida que não apenas os ditados pelos seus pais. E o que é mais forte que sua criação e que vai ditar a forma de agir de um cidadão, na minha opinião, é a sua personalidade.

Ela é quem vai conhecer seus instintos mais primitivos, vai ser seu guia, seu feeling para agir e decidir entre o certo e o errado, terá tatuado todos os seus rancores e satisfações que serão a causa mãe de suas atitudes, saberá o momento em que seu coração dispara e o momento em que a garra de continuar ou desistir será aflorada em sua consciência.

Mas o que é então a raça humana desprovida da sociedade e sua cultura? Das datas comemorativas alimentadas por um sistema caótico e burguês? O que é a grandiosa festa de casamento, a viagem internacional, as fotos tomando champagne na proa da lancha senão vestígios dessa cultura que absorvemos? Tenho de concordar que mesmo sem saber, somos guiados pelas mãos divinas da sociedade, muitas vezes carregadas de suas tradições, do senso (ultrapassado) comum que anda nas ruas, da amiga-da-vó-da-tia que julgou sua última decisão. E, principalmente, pelas influências culturais que recebemos desde que nascemos, muitas delas providas da ação manipuladora do mass media, ou se preferir mídia de massa, que está estampada em nossas caras.

Mas então que mundo é esse que fatores externos ditam mais do que nossa essência? Será que se morássemos no padrão de vida da Lagoa Azul, até hoje, seriamos mais puros, desprovidos de máscaras e vícios? Até o personagem do Manoel Bandeira se enganou, achando que Pasárgada o traria mais felicidade, mas até a pequena cidade da Pérsia, hoje chamada de Murghab, o enfeitiçaria com seus delírios burgueses. O tornaria escravo desse modo inconsequente de tomar decisões pautadas em realidades que não são as suas.

''(...) Vou-me embora pra Pasárgada
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que eu nunca tive

Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar

E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
Lá sou amigo do rei
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada''

Fica a reflexão sobre as ondas culturais que você é impactado, será que você precisa mesmo de um carro novo ou basta passar a tarde jogando bola de gude com seus filhos para se sentir plenamente satisfeito?

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Minha medalha.


Nunca ganhei medalhas nas competições de educação física quando estava na escola, sempre ficava de reserva, era tachada como a magrela fraquinha que pegava a bola igual boca de pato e a deixava cair. A única vez que meu time ganhou, as medalhas acabaram na minha vez, fiquei sem. Sabendo disso, a dona da escolinha que eu dava aulas de dança aos 16 anos, resolveu me dar uma feita de papel. Valeu a intenção! Mas ainda não me sentia satisfeita.

Pergunta: mas o que então a garotinha Carol fazia de útil a não ser estudar e não ganhar medalhas? Por oito anos me dediquei ao teatro, foi lá que aprendi a controlar minha voz, ter mais noção do meu corpo, postura, figurino e os diferentes personagens que devia incorporar para os cenários que ali se colocavam na minha frente.

Diferente da habilidade nas quadras, preferi a expressão pela fala e o fascinante poder de argumentação iniciado pela teoria Aristotélica. Pensava em fazer algo que eu realmente gostasse. Via aquelas pessoas correndo nas ruas fazendo coisas estressantes, trabalhando com o que não queriam e pensava: ‘’quero fazer parte do reduzido grupo de pessoas que trabalha feliz, fazendo o que gosta’’.

Escolhi a comunicação para fazer meu bacharelado. Dizer que tenho uma vida de borboleta, rindo para todos os lados não seria verdade, já tive gastrite nervosa, já fui para o pronto socorro por palpitação, já tive enxaquecas terríveis de nervoso. Pelo menos faço o que gosto e meus anos de teatro me ajudaram nesse sentido. Vou contar o porquê.

Parei de ter vergonha na hora de pedir um conselho, a saber escutar a "deixa" no final da fala, para dar minha opinião. Aprendi a sorrir com os olhos, a captar os mais tímidos movimentos do corpo de quem estava ao meu lado, a não titubear nas horas difíceis, a sacar os olhares que vacilaram e encontraram os meus. A acompanhar as pupilas ficando dilatadas, as mãos suando e saber o momento exato de chegar ao clímax do último ato.

Acho que tudo isso pesou de forma positiva na minha carreira, posso ser detalhista demais, ter sempre histórias para contar, a fazer caras e bocas e quem sabe até um pouco de drama, mas valeu conhecer um pouquinho dos homens que foram ‘’os caras’’ alguns séculos atrás, desde que era criança. Essa que foi a minha real conquista.

Sobre as medalhas? Venci meu trauma colocando como meta completar uma corrida de rua e hoje as exibo com orgulho!

domingo, 10 de julho de 2011

Em queda livre.

Quando eu era criança sempre escrevia "poprio" ao invés de próprio, mais para a frente no primeiro estágio escrevi que precisava aprovar um job que não era da minha "ossada", ouvia nas reuniões uma tal de alçada, mas nunca imaginei como escrevia. Já de carteira assinada escrevi que a ação era "B2B" ao invés de BtoB, e ultimamente descobri que Pequim é a forma aportuguesada de se escrever Beijing, achei ainda que isso havia se dado por causa das Olimpíadas há pouco tempo...mas sem chance. Pequim é Pequim desde sempre, eu é que estava por fora.

Passou pela minha cabeça que algumas pessoas pudessem pensar, "Nossa a Carol não vai se queimar em assumir essas gafes?" Sabe, já fiquei com muita vergonha dessas situações, hoje, apenas dou risada.

Vergonha mesmo eu tenho de outras coisas, uma delas é de querer algo e me privar por medo do que pode acontecer. Quantas coisas você já deixou de fazer por que não sabia se era adequado, se era o momento certo ou se iria se arrepender?

O tempo me deu a resposta, as decisões tomadas de cabeça fresca, de forma racional, e que são acompanhadas de um sentido, são as que eu confio e não me arrependo. Porque simplesmente muitas decisões que possam acontecer depois das suas escolhas, fogem no nosso "próprio" controle, não estão na nossa "alçada" e vão além de "bussines to bussines". E isso, você só vai aprender com o tempo.

Nem que tenha que ir até Pequim para tomar as decisões, vá, se seu coração mandar, faça, apenas viva as consequências depois.

O que eu posso dizer? Boa sorte nas suas escolhas e será uma pena ver o arrependimento se repetir!